A fascite plantar é uma das principais causas de dores no calcanhar. Essa condição é caracterizada pelo excesso de movimentos dessa região, que ocasiona inflamação da planta do pé. Embora a causa não seja completamente compreendida, ela pode ser parcialmente devida a pequenas rupturas na fáscia plantar resultantes de estresse e tensão repetidos no pé, como explica o fisioterapeuta Vinicius Caldas, do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL/UFRN).
“A fáscia plantar inclui três faixas de tecido que sustentam o arco do pé e conectam o osso do calcanhar aos dedos dos pés. A dor no calcanhar é geralmente mais intensa quando as pessoas dão os primeiros passos do dia e pode piorar com a permanência prolongada em pé”, disse o fisioterapeuta.
Esse cenário é mais frequente em adultos com idades entre 45 e 64 anos, principalmente naqueles com sobrepeso ou obesidade, caracterizados por um IMC acima de 25. Além disso, é comum em indivíduos cuja profissão demanda longos períodos em pé e naqueles com capacidade limitada de dorsiflexão do tornozelo. Segundo Vinicius, a dor causada pela fascite plantar se diferencia de outras dores de pé, pois ocorre de forma mais intensa nos primeiros passos do dia. “Essa é a principal característica que nos faz pensar na dor causada pela fascite plantar”, aponta.
Embora atividades de impacto, como corrida e saltos, possam contribuir para o desenvolvimento da fascite plantar, elas não são, isoladamente, as principais causadoras da condição. O fisioterapeuta Vinicius explica que a falta de atividade física, ou seja, o sedentarismo, está mais associada a dores no corpo do que a prática esportiva em si. No entanto, ele alerta que o excesso de esforço sem preparo adequado pode sobrecarregar a fáscia plantar, aumentando o risco de inflamação. “Se a corrida e os saltos forem feitos sem um direcionamento, eles podem ser os causadorrs dessa condição”, diz.
“Ao praticar qualquer atividade física você deve respeitar o seu corpo e compreender os seus limites. A partir do momento que a pessoa passa desse limite, isso pode representar uma sobrecarga na fáscia plantar e evoluir para o risco de desenvolver essa condição”, explica Vinicius.
O fisioterapeuta explica que esse é um dos primeiros sinais que indicam um possível quadro de fascite plantar, assim como, a sensação de desconforto ou queimação na planta do pé e rigidez no pé, especialmente ao acordar ou após o descanso. Vinicius detalha que o diagnóstico dessa condição normalmente é clínico, feito por um especialista, com a realização de exames de imagem para auxiliar quando os sintomas se tornam crônicos ou não houve tratamento, pelo método conservador, como por exemplo, a fisioterapia.
Em relação ao tratamento, será traçado após uma avaliação individual para entender os fatores envolvidos no caso. Para isso, as principais técnicas que podem ser utilizadas, são: alongamento dos músculos da panturrilha e massagem da fáscia plantar; fortalecimento muscular direcionado para as fraquezas do paciente; e exercícios para melhorar a mobilidade do tornozelo e os ossos do pé. E também o uso de órteses, que substituem a palmilha do sapato para diminuir a tensão na fáscia plantar e reduzir a força no pé ao caminhar.
Além disso, também pode ser realizado o uso de medicamentos com a devida orientação médica. Entre as opções estão: receber uma injeção de corticosteróide na área interna do calcanhar, que pode proporcionar alívio da dor por várias semanas a meses. E injeção de plasma rico em plaquetas no calcanhar, que é composto de certos componentes do próprio sangue do paciente e pode proporcionar alívio da dor a longo prazo do que as injeções de corticosteróides.
A dor no calcanhar devido ao quadro de fascite plantar frequentemente desaparece por conta própria, aponta o fisioterapeuta Vinicius Caldas. Mas ele ressalta que pode durar meses ou até anos, mesmo com o tratamento. “Até 80% dos pacientes podem apresentar sintomas persistentes um ano após o diagnóstico”, revelou o especialista.
Vinicius também aponta que se os sintomas persistirem por mais de três meses, a fascite é considerada crônica. Com possibilidade de intervenção cirúrgica, quando ocorre o fracasso no tratamento conservador.
“O sintoma crônico é mais complexo. A cirurgia é indicada após o fracasso no tratamento conservador. Quando o paciente já tentou todos os tratamentos e não obteve uma resposta satisfatória”, pontua o fisioterapeuta.