Três anos após a previsão inicial de conclusão, a Linha Roxa, com três estações de trem, segue abandonada, sem funcionar na Grande Natal. A estrutura, que prevê a ligação entre Extremoz e São Gonçalo do Amarante, com acesso ao Aeroporto Internacional Aluízio Alves, deveria estar funcionando desde 2022, mas permanece paralisada, conforme constatado pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE. O equipamento está aparentemente pronto para uso, com catracas, cabines de apoio e espaço para passageiros, mas mantém-se inutilizado.

A situação provoca frustração nos moradores da região. É o caso da farmacêutica Giliane Souza, que mora no bairro Jardim, e pega um ônibus todos os dias para trabalhar no Norte Shopping. “É um descaso com a população porque eu pego ônibus aqui todos os dias nessa parada, que fica do lado da estação, sendo que eu poderia ir de trem, de forma muito mais prática. Faz anos que começaram isso e não terminaram, só quem se prejudica é a população”, desabafa.

Na avaliação de Giliane, divergências políticas podem ter contribuído para os sucessivos atrasos. “É uma briga política porque um governo fez e outro não quis continuar e a população é quem paga o desperdício de dinheiro público de um negócio que era para estar funcionando, beneficiando milhares de trabalhadores. A gente fica à mercê, principalmente nós que dependemos do transporte público. É uma situação realmente lamentável”, critica.

Mesma situação do jardineiro Edvaldo Rodrigues, que vive no conjunto Novo Horizonte e trabalha na Ribeira, zona Leste de Natal. “Imagine se já estivesse funcionando, eu poderia chegar direto lá na estação da Ribeira. Aqui a gente fica dependendo do transporte que quando está muito cheio nem para, tem dias que passam dois cheios e não param. Enquanto isso, aqui do lado fica essa estação aí se acabando, sem funcionar. É só gasto do nosso dinheiro. É um descaso com o trabalhador”, conta.

Questionada sobre prazos e medidas para retomada do projeto, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) não respondeu até o fechamento desta edição. No ano passado, a companhia argumentou que fortes chuvas causaram o rompimento de uma tubulação de adutora próxima aos trilhos, comprometendo parte da estrutura e paralisando as intervenções. A TN também questionou se há previsão para a estação entrar em funcionamento, mas não obteve retorno.

A construção da Linha Roxa teve início em setembro de 2021. Com aporte de R$ 18,7 milhões do Governo Federal, o empreendimento contempla a instalação de 4,1 quilômetros de trilhos e a construção das estações. A estimativa é que 2 mil pessoas sejam atendidas diariamente pelo ramal. A medida faz parte de uma tentativa de ampliar a oferta de mobilidade urbana entre os municípios de Natal, Extremoz, Ceará-Mirim, Parnamirim, São José de Mipibu e Nísia Floresta através do sistema de trens urbanos.