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Controle do colesterol ruim terá diretrizes mais rígidas

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) atualizou as diretrizes para o controle do colesterol LDL, trazendo metas mais rígidas para reduzir o risco de infarto e AVC. Conhecido como “colesterol ruim”, o LDL, lipoproteína de baixa densidade, é responsável por transportar colesterol no organismo e, quando em excesso, forma placas de gordura que estreitam os vasos sanguíneos. A mudança, anunciada pela entidade, redefine os limites considerados seguros e reforça a necessidade de avaliação individual de risco cardiovascular.

O vice-presidente da SBC no Rio Grande do Norte, Ferdinand Saraiva, explica que duas categorias tiveram as metas alteradas: o grupo de risco extremo passa a ter como referência níveis abaixo de 40 mg/dL, enquanto na categoria de baixo risco o limite caiu de 130 para 115 mg/dL. “O que muda é que todo mundo precisa passar por uma avaliação de risco. Essa avaliação, feita pela calculadora da Sociedade Brasileira de Cardiologia, só pode ser aplicada a partir dos 30 anos. Então, a partir dessa idade, é necessário se submeter a uma análise. E se o colesterol é persistentemente sustentado acima de 145, é recomendado o uso de medicação para reduzir em pelo menos 30%, buscando a meta de 115”, explica.

As novas metas seguem o objetivo de reduzir complicações entre os pacientes, mas também impõem um desafio adicional à cardiologia. “A gente tem a estimativa de que, após um infarto, só 7% dos pacientes no Brasil estão dentro da meta de colesterol prevista. Então, com certeza é uma coisa desafiadora, porque a gente não tem conseguido colocar isso em prática, e essa meta do infarto já vem de diretrizes anteriores”, detalha Ferdinand.

Apesar das dificuldades, o médico ressalta que hoje há mais recursos disponíveis para alcançar os resultados esperados. “A gente vê que os pacientes persistem sob risco alto, têm eventos recorrentes, e o colesterol ajuda a explicar muito desse risco residual. Então, com certeza vai ser um desafio, mas é um desafio importante, é uma coisa que precisa ser realmente alcançada”, afirma. Segundo ele, o avanço de novos medicamentos, com diferentes faixas de preço e mecanismos de ação, oferece mais opções do que há dez anos.

No Rio Grande do Norte, os números mostram a relevância do tema. Dados da Secretaria de Estado da Saúde Pública, com base no Ministério da Saúde, registraram até agosto 2.960 casos de infarto, com 169 mortes, e 1.562 casos de acidente vascular cerebral (AVC), que resultaram em 247 óbitos. A rede estadual mantém um ambulatório no Hospital Geral Dr. João Machado, em Natal, voltado ao acompanhamento de pacientes nos seis meses iniciais após o infarto. Depois desse período, o seguimento passa a ser responsabilidade da atenção básica dos municípios.

O diagnóstico do risco cardiovascular considera múltiplos fatores: idade, sexo, pressão arterial, níveis de colesterol total e HDL (o “bom colesterol”), presença de diabetes, tabagismo, função renal, obesidade, proteína na urina e hemoglobina glicada. A presença de doenças cardiovasculares já instaladas é um indicativo de alto risco. “Essas são as características que a gente utiliza para estratificar o paciente. De acordo com o risco dele, ele vai ser candidato ou não ao uso de medicamento. Se o paciente foi candidato ao uso de remédio ou alguma outra intervenção, ele deve ser acompanhado conforme o risco basal. Vamos supor que esse paciente passou a usar um remédio para o colesterol: ele deve repetir a avaliação entre quatro e oito semanas. Mas tudo isso deve ser pensado de forma individualizada, de acordo com o médico e o perfil do paciente”, explica Ferdinand Saraiva.

Além de infarto e AVC, o colesterol LDL descontrolado pode causar doença arterial periférica, aumentando o risco de amputações, claudicação intermitente — dificuldade para andar — e até insuficiência cardíaca. A prevenção, reforça o cardiologista, continua baseada em mudanças de hábito. “A gente recomenda mudança de estilo de vida, incluindo o cuidado com a dieta e a prática regular de atividade física. Essa mudança é fundamental. A perda de peso é importante, e dependendo da meta que o paciente precisa alcançar, pode ser suficiente adotar medidas comportamentais nos casos de baixo risco. Já para riscos mais altos, muito provavelmente será necessário o uso de medicamento”, conclui.

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