A campanha Fevereiro Laranja busca conscientizar a população sobre a leucemia e incentivar a doação de medula óssea. A iniciativa tem como objetivo disseminar informações sobre a doença, promovendo o diagnóstico precoce e ampliando as chances de tratamento para os pacientes que necessitam de transplante de medula. Além disso, a campanha reforça a importância da doação de sangue, essencial para os pacientes em tratamento.
De acordo com Ana Emília Freitas, hematologista e hemoterapeuta do HUOL e da Liga Contra o Câncer, o Fevereiro Laranja é um momento de informação e esclarecimento. “A campanha Fevereiro Laranja é uma campanha de conscientização, de informação sobre as leucemias, já que é uma doença que o nome assusta muito, então a gente aproveita esse mês de fevereiro para fazer uma campanha de tentar orientar, conscientizar e desmistificar, muitas vezes, a leucemia”, afirma.
A leucemia é um câncer do sangue que afeta as células produzidas na medula óssea. A doença se manifesta por meio da produção anormal de glóbulos brancos defeituosos, prejudicando a defesa imunológica e a coagulação do sangue. Entre os sintomas mais comuns estão anemia, infecções frequentes, sangramentos, fadiga intensa e palidez. O diagnóstico precoce é essencial para iniciar o tratamento adequado e aumentar as chances de recuperação.
Existem quatro tipos principais de leucemia: mieloide aguda, mieloide crônica, linfoide aguda e linfocítica crônica. Ana Emília Freitas explica as diferenças entre elas e os tratamentos disponíveis. “As leucemias agudas, a gente precisa tratar mais rapidamente, e com quimioterapias de esquemas diferentes, tanto a mieloide quanto a linfoide, e aí a quimioterapia seguida ou não de um transplante de medula óssea”, detalha.
O avanço da medicina possibilitou novos tratamentos para casos de leucemia crônica, reduzindo a necessidade de transplante. “A leucemia mieloide crônica, hoje, temterapias direcionadas, com tratamentos que a gente chama de inibidores de tirosina quinase, e a gente começa a tratar com o comprimido, sempre a medicação com o comprimido, e hoje em dia, cada vez menos, a gente encaminha os pacientes para o transplante de medula óssea”, afirma a especialista.
A leucemia linfocítica crônica apresenta características distintas, e nem todos os pacientes necessitam de tratamento imediato. Além disso, a decisão pelo melhor tratamento leva em conta diversos fatores clínicos. “Um terço, em geral, dos pacientes nunca vão precisar tratar. Então a gente fica só observando. E os pacientes que precisam tratar, a gente vai decidir qual o tipo de terapia que a gente vai usar”, explica Ana Emília Freitas.
A doação de medula óssea é um procedimento fundamental para o tratamento de pacientes com leucemia. O cadastro de novos doadores pode ser feito em hemocentros de cada estado, e o processo é simples. “Para se tornar um doador de medula, precisa ir no Hemocentro. Aqui em Natal é o Hemonorte. Você vai lá e comunica que quer fazer o cadastro de doador de medula óssea. Então você vai, cadastra e você vai entrar num banco, num registro nacional de doador”, explica a médica.
O Fevereiro Laranja tem um papel essencial na disseminação de informações e incentivo à solidariedade. A conscientização sobre a doença e a ampliação do número de doadores de medula óssea aumentam as chances de compatibilidade entre pacientes e doadores. O RN registrou aumento de 45% no número de transplantes de órgãos em 2024, segundo dados da Central de Transplantes do RN, vinculada à Sesap. Ao todo foram 419 transplantes, sendo 194 de córneas, 165 de medula óssea, 57 de rins e três transplantes cardíacos.
Foram registradas também 36 doações de múltiplos órgãos e 133 doações de córneas. Os dados referem-se a transplantes feitos pelo SUS. Esses números superam os resultados de 2023, quando foram realizados 289 transplantes, sendo 132 de córneas, 107 de medula, 44 de rins, quatro transplantes cardíacos e dois de pele, além de 28 doações de múltiplos órgãos.
