A Prefeitura Municipal de Parelhas abriu um inquérito para apurar as responsabilidades relacionadas à grave crise sanitária ocorrida no mutirão de cirurgias de cataratas, no qual 11 pessoas perderam a visão, sendo algumas obrigadas a retirar o globo ocular.
Pois bem, na conclusão do inquérito, enviado pela gestão à Câmara Municipal, todos foram apontados como responsáveis, exceto a própria administração.
1. Maternidade Dr. Graciliano Lordão
• Higienização inadequada do centro cirúrgico.
• Falta de limpeza efetiva antes do mutirão.
• Ausência de limpeza entre as cirurgias, expondo o ambiente à proliferação de microrganismos.
• Falta de controle no uso do desinfetante.
• Ausência de um Protocolo Operacional Padrão (não havia um protocolo formal de limpeza).
2. Oculare Oftalmologia
• Esterilização inadequada dos materiais.
• Transporte inadequado dos materiais entre Natal e Parelhas.
• Falta de limpeza adequada e boas práticas de higienização pelos profissionais de saúde.
3. Conduta dos profissionais envolvidos
• Dr. Diego Bruno Gorgônio de Medeiros (médico responsável): Apesar de seguir os procedimentos cirúrgicos padrões, não supervisionou adequadamente os processos de esterilização e higiene. Segundo depoimentos, não lavou as mãos entre uma cirurgia e outra, apenas trocando as luvas.
• Cleysom Silva de Andrade e Alex Bruno Silva Barbosa (técnicos circulantes e instrumentadores cirúrgicos): Prosseguiram com o uso dos insumos da maternidade mesmo sem garantias de esterilização adequada.
4. Direção clínica da maternidade
• Dr. Manoel Marques (diretor clínico): Autorizou o uso do centro cirúrgico sem garantir as condições adequadas de higiene, expondo os pacientes ao risco de infecção. Além disso, quando os casos de infecção começaram a surgir, determinou a saída dos pacientes da maternidade, agravando o quadro clínico de muitos, que precisaram ser transferidos para outros hospitais.
Recomendações do relatório
Com base nos fatos apurados, o relatório recomenda que o caso seja encaminhado para:
• Ministério Público da Comarca de Parelhas;
• Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Saúde (CAOP Saúde);
• Juízo de Direito da Comarca de Parelhas;
• Subcoordenadoria de Vigilância Sanitária do RN (SUVISA).
Nota do blog
Este texto é um resumo da conclusão do inquérito feito e concluído pela Prefeitura Municipal de Parelhas. O conteúdo foi extraído da íntegra do documento investigativo.
Matéria publicada por Ivanildo de Souza.