Autoridades em Cabul, no Afeganistão, anunciaram nesta terça-feira (21) um acordo com os Estados Unidos para libertar dois americanos em troca de um líder do Talibã condenado por terrorismo e tráfico de drogas, que cumpria pena de prisão em território americano há duas décadas.
“Após negociações extensas e produtivas entre o Emirado Islâmico do Afeganistão (como os talibãs se autodenominam) e os Estados Unidos, foi alcançado um acordo que facilitou a libertação de um mujahid afegão, Khan Mohammad, de uma prisão americana em troca da libertação de cidadãos americanos”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Talibã.
De acordo com a televisão nacional do Afeganistão, controlada pelos talibãs, Mohammad já foi libertado e já está no país asiático. Segundo o Departamento de Justiça americano (DOJ), Mohammad foi sentenciado à prisão perpétua em 2008 por um tribunal dos EUA e cumpria pena no estado da Califórnia.
Os talibãs expressaram gratidão ao Catar por seu papel fundamental na facilitação das negociações. “Estamos particularmente agradecidos ao Estado irmão do Catar por seu papel efetivo nesse sentido (facilitar as negociações)”, disse o Talibã. Doha se tornou a sede das negociações entre o Talibã, que chegou ao poder em Cabul em agosto de 2021, e as autoridades americanas, que deixaram o país após uma longa guerra.
O regime talibã saudou o acordo, dizendo que “esta troca é um bom exemplo de como resolver problemas por meio do diálogo” e um passo positivo para melhorar as relações do Afeganistão com os EUA.
Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibã, confirmou que dois americanos foram libertados, mas se recusou a identificá-los, segundo a agência Reuters. Apesar disso, relatórios sugerem que os dois cidadãos são William McKenty e Ryan Corbett, que estavam sob custódia talibã.
Corbett estaria detido desde 2022, segundo declarações do porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, em julho do ano passado. Ele viveu no Afeganistão com sua família durante mais de uma década, trabalhando para uma ONG. Não há confirmação sobre a libertação de McKenty.
As relações entre Washington e Cabul agora estarão sujeitas à direção geopolítica do novo presidente americano, Donald Trump, que demonstrou sua rejeição inicial a prolongar ou recomeçar conflitos.
A retirada das tropas americanas de Cabul ocorreu durante o governo do antecessor de Trump na Casa Branca, o democrata Joe Biden, que recebeu fortes críticas pela forma inesperada como retirou as tropas do país.
